BENVINDO AO MUNDO REAL

Depois de vinte anos vendo o mundo da óptica poética, denunciaram-me aos ouvidos uma outra face, a miragem da sofreguidão vivente que deslumbra sobre a mente tal e qual no atlântico baila uma mirim caidente.

A minha vida toda certa onde quatro versos juntos era uma quadra, num leme funestador, se incumbiu numa irónica irmandade de orgulho e pena. Tentar explicar o quão difícil é convencer a mente de um poeta monocularizado que a vida tem duas faces, não o farei nunca...

Olvidar-me-ei das doçuras dos sonhos, para quiçá adaptar-me a omnívorosidade dilacerando assim a tamanha difusão. Vou dilapidar as minhas convenções sentimentais e tomar o meu mundo real por um dilecto. É numa batalha árdua que lá estarei numa enfesta.

Nesse entremez apenas quis comunicar a Cabo Verde que não afundei no negreiro e nem encalhei-me no navio Ana Mafalda e que cá estou para dar mais um testemunho de ser filha do seu ventre.

Com um sorriso surpido de lágrimas,detumescente da dor,lá vamos nós ter com vitórias.

De sonhos tão longe para o pé da morna que la se vão ter ao mar!